Aliança de ayahuasqueiros na Europa para combater proibição da ayahuasca
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Prezados amigos,
Breve Histórico:
Após uma novela fármaco-jurídica-política de mais de cinco anos (iniciada em 18 novembro de 1999 e concluída em 15 de janeiro de 2005) nós, daimistas franceses e brasileiros, finalmente fomos absolvidos da acusação de traficantes e usuários de drogas, e ganhamos nosso justo direito a liberdade de nossas práticas religiosas. Mas, no dia 3 de maio de 2005, uma comissão da "Agência Francesa de Segurança de Produtos da Saúde" (órgão do Ministério da Saúde) publicou no diário oficial uma decisão assinada pelo ministro, por delegação e pelo diretor geral da saúde, senhor D. Houssin, classificando os principais componentes da Ayahuasca (Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis) na lista da produtos estupeficiantes (ver: http://alto-das-estrelas.blogspot.com/2005/05/sad-news-ayahuasca-forbidden-in-france.html - inglês; http://alto-das-estrelas.blogspot.com/2005/05/notcia-triste-lei-proibe-o-uso-da.html - português). A medida nos impede de praticar livremente nossa religião, pois sem o nosso sacramento nosso culto é desnaturalizado. Nossas práticas são agora ilegais!
Nenhum pesquisador, conhecendo bem a literatura científica sobre a Ayahuasca e seus componentes, e tendo uma experiência empírica, pode concluir que se a proibição pode ser justificada a partir de qualquer critério de objetividade científica. Quais são as razões obscuras para a interdição de um produto inofensivo para a saúde pública? Após vários séculos de consumo da ayahuasca não há nenhum registro científico ou anedótico de caso de morte, enquanto há 45000 mortes por ano na França com o álcool, para citar apenas um exemplo deste tipo de incongruência.
Medidas urgentes:
Face a essa grave situação e ao movimento internacional proibicionista contra nossa bebida sagrada que está ocorrendo não somente na França, mas também na Itália, Estados Unidos e Alemanha, é necessário pensarmos numa ação conjunta da irmandade do Santo Daime e dos demais simpatizantes e usuários da ayahuasca em suas diversas vertentes.
Acreditamos ainda no espírito do diálogo com as autoridades e na possibilidade de fazer proposições construtivas para sairmos desse impasse. Mas estamos determinados a ir até o fim em nossas ações, que vão se desenvolver em diferentes formas e direções:
1) Apelo ao Conselho de Estado, que é uma das duas cortes supremas do Estado francês (a outra é a Corte de Cassação) e, no caso de derrota no Conselho de Estado, apelo à Corte de Direitos Europeu;
2) Criação de uma associação, a Association pour l'usage et la tradition de l'Ayahuasca [Associação para o Uso e a Tradição da Ayahuasca], uma parceria entre a irmandade francesa do Santo Daime (http://www.santodaime.org/) e os representantes franceses do Takiwasi (http://www.takiwasi.com/), centro dirigido pelo médico francês naturalizado peruano Dr. Jacques Mabit, localizado em Tarapoto, no Peru. O Takiwasi combina a medicina tradicional amazônica (entre outras plantas a ayahuasca) e a medicina ocidental para a cura de dependentes químicos. Na França é representado por La Maison qui Chante [A Casa que Canta], dirigida por Ghislaine Bourgogne (ghislaine.bourgogne@wanadoo.fr e coucous@aol.com ) na cidade de Lyon.
3) No encontro das Igrejas Européias do Santo Daime que ocorreu em Madrid, em 2004, foram designados delegados para um grupo de trabalho sobre a questão da legalização do nosso sacramento. Estamos definindo uma estratégia comum e bem refletida para que a irmandade possa fazer face aos ataques injustificados que estamos sofrendo e pretendemos realizar um novo encontro, que provavelmente ocorrerá em Bruxelas dia 26 de agosto de 2005 (a confirmar).
Aceitamos todo o apoio e sugestão que possamos obter de pesquisadores, políticos, usuários e simpatizantes da ayahuasca, assim como novas parcerias destas citadas acima.
Viva a nossa União!
Viva a liberdade do Santo Daime!
Viva todas as linhas ayahuasqueiras!
Harmonia, Amor,Verdade e Justiça!
Claude Bauchet
claudebauchet@yahoo.fr
http://www.libertedusantodaime.fr.st/
(Traduzido do francês para o português por Timberê Villas Boas e revisado e editado pela antropóloga Bia Labate - http://alto-das-estrelas.blogspot.com/)