Apresentação de Jeffrey Bronfman na Oitava Conferência Internacional de Permacultura


Jeffrey Bronfman, Mestre Representante da União do Vegetal nos Estados Unidos, foi um dos palestrantes da Oitava Conferência Internacional de Permacultura, que está ocorrendo de 16 a 18 de maio na Bienal do Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP).

Segundo os informes do evento, Jeffrey “é Presidente da Fundação Aurora, renomado filantropo e ativista social. Serviu no conselho da Fundação Threshold e da Live Oak Fund for Change, sediada no Texas. Foi um dos jurados do Prêmio Right Livelihood e presidente do Conselho e palestrante do Congresso de Líderes Espirituais e Religiosos na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente”.

Sua apresentação seguiu um pouco o estilo de lideranças indígenas ligadas ao movimento ecológico internacional, evocando nossos antepassados e agradecendo a Terra e seus frutos.

Jeffrey iniciou a sua fala apresentando a si mesmo a partir da história da sua família – judeus russos e alemães, fugidos da guerra, estabeleceram-se no Canadá, terra também do povo Mohak.

Contou que mora em Santa Fé (EUA), berço também de vários grupos indígenas, que teriam forte presença na região. Neste contexto de intercâmbio de “idéias ancestrais” e “idéias novas” teria surgido, no seu círculo, a iniciativa de trazer o movimento de permacultura para o Brasil, por volta de 1992.

Jeffrey, que apresentou sua palestra acompanhada de um bonito slide show com imagens da natureza, criticou fortemente a falência do nosso modelo econômico e da nossa concepção sobre ‘riqueza’ (‘wealth’), evocou união planetária, respeito e ética ambiental. Citou em diversos momentos a Eco 92 – que contou também com a presença de Raimundo Monteiro de Souza, atual líder máximo da União do Vegetal – nas palavras de Jeffrey, um importante “ecologista e líder espiritual”.

Jeffrey criticou a privatização da água, a qual constituiria o nosso mais fundamental direito, e afirmou que o Brasil deve ocupar importante papel de liderança com relação ao tema no futuro. Destacou que enquanto crimes diversos, como o etnocídio, são fortemente criticados, não existe uma moralidade combativa para o “geocídio terrestre” que está ora em curso.

Estiverem presentes o Presidente e Vice-Presidente da Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico, Flavio Gordon e Giancarlo Nuti Stefanuto. A Associação, fundada em 1990, é inspiração, em alguma medida, da antiga Associação Campineira de Ação Ecológica, composta por membros do Núcleo Lupunamanta, de Campinas (SP), em 1987.
(clique aqui para conhecer alguns dos programas promovidos pela Novo Encanto).

A Novo Encanto tem identidade jurídica própria, porém, pode-se afirmar que constitui uma espécie de ‘braço ecológico’ da União do Vegetal no Brasil, sendo composta, em grande medida, por membros desta religião -- ainda que religião e ecologia sejam pensadas, na UDV, como dimensões separadas. Nas palavras de Gordon, que é também do Quadro de Mestres da UDV, "a Novo Encanto é inspirada na dimensão espiritual e no legado de ensinamentos da União do Vegetal. Nasceu da necessidade de expressá-los na sociedade".

A palestra explicitou que há um campo vasto e bastante desconhecido: a relação entre a União do Vegetal e o movimento ecológico no Brasil. Até o momento, temos notícia de apenas uma monografia de graduação bastante simples sobre o tema. Trata-se de um fascinante capítulo ainda por ser escrito na história do campo de estudos sobre as religiões ayahuasqueiras brasileiras. Algum candidato?

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Artigo na área de direito discute processo de legalização da União do Vegetal nos EUA

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