BREVE HISTÓRICO E MOMENTO ATUAL DO PROJETO BALADABOA: Redução de Danos para o uso de ecstasy
Mensagem enviada por Stella Almeida
"O projeto teve início com meu mestrado há 10 anos quando realizei a 
primeira pesquisa brasileira com usuários de ecstasy. O estudo 
concluiu que era justificada uma intervenção preventiva direcionada 
ao ecstasy uma vez que o uso estava em ascendência e poderia causar 
danos. Meu doutorado foi então uma pesquisa on-line com 1.140 
usuários com o objetivo de subsidiar tal intervenção.
O "Projeto Baladaboa: Redução de Danos para o uso de ecstasy" foi 
submetido à FAPESP e aprovado em agosto/2006 como meu pós-doc. A 
intervenção propriamente dita começou em março de 2007. Foi então 
que em junho levantou-se a polêmica: alguns jornalistas acusaram o 
projeto de ser uma apologia ao uso de ecstasy. Em resposta a tais 
denúncias a FAPESP suspendeu sua verba. A comunidade científica e 
alguns veículos de comunicação posicionaram-se frontalmente contra 
tal decisão. A suspensão do projeto foi cancelada após 15 dias, mas 
até o momento a FAPESP não deu uma resposta definitiva quanto a sua 
renovação. Além disso, estamos sob averiguação do Ministério 
Público, já tendo respondido às solicitações do procurador, mas 
ainda sem notícias se o processo seguirá. 
Assim, apesar do apoio da comunidade científica, da grande 
receptividade do público alvo e dos resultados preliminares 
extremante positivos (69,2% dos usuários de ecstasy afirmaram 
que "As informações veiculadas pelo projeto Baladaboa causaram ou 
iriam causar alguma mudança em seu comportamento relativamente ao 
uso de ecstasy") a continuidade do projeto é incerta. Ressalto ainda 
que somos as autoras brasileiras com o maior número de publicações 
científicas sobre o ecstasy. Portanto, é com pesar que suspeitamos 
que o mérito do projeto e a competência das pesquisadoras não são os 
únicos fatores a contar na decisão sobre sua continuidade.
Gostaríamos muito de prosseguir com nosso trabalho. Sua continuidade 
inclui a sistematização do projeto para que a experiência possa ser 
compartilhada com agentes de saúde que percebam a importância e 
urgência de intervenções preventivas brasileiras para o uso de 
ecstasy.
Se puderem sugerir ou indicar caminhos...
Stella Pereira de Almeida"
Para entrar em contato com Stella: stella@usp.br