Filme "Utopia": besteirol futurista e estereotipado sobre a ayahuasca
O filme Utopia é uma das maiores bobagens que já vi sobre a ayahuasca. Imperdível!
Em algum lugar da América do Sul, tem uma seita maligna que consome a ayahuasca, meio indígena (um dos personagens tem cabelo comprido tipo índio norte-americano, e um jaguar tatuado nas costas), meio daimista (seus participantes repetem alucinados durante o transe: “Dai-me poder, Dai-me força, Dai-me clarividência!”). O grupo promove justiça com as próprias mãos, assassinatos rituais e tráfico – transportam ayahuasca no estômago de “mulas”, para comercializar ilegalmente na Europa, como se fosse cocaína (só que nesse caso cortam a barriga dos sujeitos para tirar a droga de dentro!).
Junto à seita, está Ângela, uma garota espanhola bonitinha. A trama se desenrola em dois movimentos paralelos: de um lado, a família, inconformada, contrata um especialista em “recuperar pessoas que sofreram lavagem cerebral e desprogamá-las” para trazer Ângela de volta; de outro, uma sociedade secreta, chamada Utopia – que estimula seus membros a desenvolverem a capacidade de ver o futuro e cuidar de pessoas que terão capacidade de mudar o mundo –, tenta resgatar a moçoila.
Incrível como o amálgama da propaganda da guerra contra as drogas é levado a um limite caricatural tão grande. Pelo menos, nossa identidade latino-americana é ressaltada: o Brasil fica assim irmanado com seus pares (parias) vizinhos guerrilheiros e narcotraficantes...