Lançado livro sobre escola bilíngue Kaxinawá

Weber, Ingrid. Um copo de cultura: os Huni Kuin (Kaxinawá) do Rio Humaitá e a escola. Rio Branco, Edufac, 2006.Sobre o livro:Este livro é fruto de uma dissertação de mestrado em antropologia que realizou um estudo etnográfico preliminar da escola, com seus antecedentes e corolários, entre os Kaxinawá do Rio Humaitá, grupo de língua pano, estado do Acre. A primeira parte é de natureza histórica e contextualiza as particularidades dos Kaxinawá do Humaitá e, especificamente, a sua experiência da educação escolar, com suas formas de aprendizado, e da escrita. Segue uma segunda parte propriamente etnográfica, baseada em informações, observações e entrevistas recolhidas e registradas ao longo do trabalho de assessoria educacional realizado pela autora junto a grupos indígenas do Acre e durante um breve período de pesquisa de campo no final de 2002. São, assim, abordadas continuidades e transformações que permeiam, hoje, uma escola indígena: referência para a vida na aldeia, porta de entrada e saída para o mundo dos brancos, espaço-tempo do “movimento da cultura”.Sobre a autora:Ingrid Weber nasceu no Rio de Janeiro em 1974. Formou-se em Ciências Sociais pela Unicamp em 1997. Em 2004 obteve o título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (UFRJ) e participou do Núcleo de Transformações Indígenas/ PRONEX. Desde 1998 é assessora do Projeto de Autoria, programa de educação escoloar indígena da organização não governmanetal Comissão Pró-Índio do Acre.Orelha do livro:Entre os Huni Kuin ou Kaxinawá, o cupixau é a escola e a escola é o cupixau. Cupixau é a antiga casa comunal, emblema e espaço de chefia, referência e centro da vida aldeã, em comunidade. E “viver entre parentes” é um desejo sempre perseguido; assim era também no tempo sofrido da dispersão pelos seringais, sob o jugo dos patrões cariús, fossem eles carrascos ou amáveis. E “viver entre parentes” equivale a ser feliz, para os Kaxi. E a vida vale a pena se é para ser feliz. Ao reconstituírem suas aldeias, depois do ocaso da economia da borracha, já era o tempo de outras novas experiências: a cooperativa, o mercado, a escrita, a escola. Ingrid Weber está de volta ao Acre e aos Kaxi, depois de um intervalo de reflexão ‘acadêmica’ sobre sua experiência enquanto assessora dos projetos de ‘educação indígena’ desenvolvidos por uma organização não-governamental indigenista. Este livro é a metamorfose de uma dissertação de mestrado onde Ingrid lembrou, pensou, analisou práticas e discursos da ‘educação (escolar) indígena’ em suas versões anteriores e posteriores à ‘invenção’ da assim chamada ‘educação diferenciada, específica, intercultural e bilíngüe’, antes e depois da ‘invenção’ da ‘cultura’ como objetivação de um modo de ser e de uma história no mercado simbólico da modernidade (amazônica). A escola Kaxi, hoje, é um híbrido criativo de transformações, verdadeiramente intercultural, diferenciada e específica, lá onde a ideologia oficial não enxerga nem interculturalidade, nem especificidade, nem diferença. Um Copo de Cultura fala a partir dos Kaxi do Rio Humaitá. Fascinante e cativante pelo seu estilo literário e pela interpenetração de memórias, registradas em cadernos de campo e relatórios, análise etnográfica e reflexão política, o livro de Ingrid Weber chega para marcar, definitivamente, o advento da escola como parte integrante das sociedades indígenas e como algo muito bom para ser pensado. Os responsáveis por políticas ‘educacionais’ indigenistas encontrarão aqui provocações saudáveis e um material generoso para meditar. O Núcleo de Transformações Indígenas (PRONEX/NUTI) do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, agradece o ineditismo e o brilho desta contribuição.Bruna FranchettoPara entrar em contato com Ingrid: griweber@yahoo.com.br

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Reportagem "Conhecendo os povos"

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