Relato do Lançamento da Rede Verde em São Paulo dia 7 de maio
Caros amigos,
Segue um pequeno relato e avaliação do ato de lançamento da Rede Verde em São Paulo no dia 7 de maio. A rede foi formada pela união de grupos e instituições brasileiras que defendem a regulamentação, descriminalização e legalização da Cannabis. O relato foi redigido por Henrique Carneiro (henricarneiro@uol.com.br), professor de História da USP e pesquisador do NEIP (http://www.neip.info/). Em seguida, veja a modesta notícia da Folha de São Paulo sobre o ato.
Vamos nos organizar para a marcha de novembro. A primeira passeata gay em São Paulo reuiniu 50 gatos pingandos, hoje já são 2 milhões. As "drogas" ainda são grande tabu -- faça algo para mudar esta situação!
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1. Informe de Henrique Carneiro:
Caros amigos,
Realizou-se neste sábado, na Câmara de Vereadores de São Paulo, dia 7 de maio, o ato de lançamento da rede verde com cerca de 60 pessoas e a presença da juíza Maria Lúcia Karam, do antropólogo Edward MacRae, dos vereadores Paulo Teixeira e Soninha, do Luis Paulo Guanabara da Psicotropicus (psicotropicus@psicotropicus.org), da psicóloga Andrea Domanico, além de outros. Após uma série de apresentações realizou-se uma pequena caminhada pelo centro até a sede do Centro de Convivência É de Lei, na R. 24 de Maio. Registrei a presença de cerca de 60 participantes, entre eles nove membros do Neip (Edward MacRae, Bia Labate, Sandra Goulart, Maurício Fiore, Henrique Carneiro, Silvia Miskulin, Júlio Simões, José Ricardo Gallina, Rafael Adaime).
Realizou-se neste sábado, na Câmara de Vereadores de São Paulo, dia 7 de maio, o ato de lançamento da rede verde com cerca de 60 pessoas e a presença da juíza Maria Lúcia Karam, do antropólogo Edward MacRae, dos vereadores Paulo Teixeira e Soninha, do Luis Paulo Guanabara da Psicotropicus (psicotropicus@psicotropicus.org), da psicóloga Andrea Domanico, além de outros. Após uma série de apresentações realizou-se uma pequena caminhada pelo centro até a sede do Centro de Convivência É de Lei, na R. 24 de Maio. Registrei a presença de cerca de 60 participantes, entre eles nove membros do Neip (Edward MacRae, Bia Labate, Sandra Goulart, Maurício Fiore, Henrique Carneiro, Silvia Miskulin, Júlio Simões, José Ricardo Gallina, Rafael Adaime).
Meu balanço deste ato é o seguinte:
1) Foi um passo positivo por consolidar uma atividade em frente única de setores pró-legalização, num âmbito já nacional, com eventos previstos em cinco cidades. Em SP, essa frente, a Rede Verde, congregou quatro "setores":
1) Foi um passo positivo por consolidar uma atividade em frente única de setores pró-legalização, num âmbito já nacional, com eventos previstos em cinco cidades. Em SP, essa frente, a Rede Verde, congregou quatro "setores":
a) o movimento de Redução de Danos, divididos em duas "alas", o pessoal do É de Lei, mais ativista e voltado para um setor mais marginalizado, que é o dos crackeiros, e a Reduc em geral, mais amplo, enraizado num setor médico-assistencial, ligado aos pioneiros do trabalho com Aids (Iepas), etc.
b) o Neip, representando um setor de intelectuais, formado por pesquisadores acadêmicos sobre o tema;c) alguns representantes da juventude usuária de classe média que haviam estado na origem da convocação da passeata verde de novembro passado.d) os dois vereadores do PT.
2) O movimento demonstrou-se muito mal organizado com uma série de erros e precariedades que passo a listar:
a) escolha do horário foi péssima, sábado de manhã não é horário para ato de usuários de cannabis;
b) houve uma demonstração de absoluta incapacidade de mobilização de todos os setores envolvidos, o que mostra uma falta de base social, de enraizamento em algum movimento ou estrutura social. Mobilizamos apenas nós mesmos, nem sequer um círculo amplo de amigos foi seduzido pelo ato.
Isso reflete que o setor juvenil espontâneo que esteve presente em novembro (cerca de 400/500 pessoas) não atendeu ou nem sequer ficou sabendo do chamado ao ato. Isso mostra que a rede de emails e mensagens pela Internet não foi eficaz, ou o horário e caráter do ato (ouvir discursos de vereadores) não seduziu a "moçada". Os outros setores mostraram que são ativistas de círculos que mobilizam uns vinte cada um (É de Lei, Reduc, Neip), ou seja, os próprios participantes (que não levam nem uns dois ou três amigos cada).
c) os encaminhamentos mínimos para um ato assim não se cumpriram: o manifesto só ficou pronto no dia do ato,
e não havia cópias impressas para distribuir. Os cartazes eram em inglês. Não havia faixas para a passeata nem quase havia cartazes.
e não havia cópias impressas para distribuir. Os cartazes eram em inglês. Não havia faixas para a passeata nem quase havia cartazes.
Por essas razões os membros do Neip presentes propuseram e votaram que não saísse a passeata mas se acumulasse forças para uma grande manifestação em novembro, essa proposta foi votada e perdeu de 8 a 22 votos. Os cerca de 30 que restavam no ato foram então numa caminhada pelo centro da cidade que poderia se dizer meio folclórica: alguns cabeludos mais animados, cartazes precários, alguns grito de guerra duvidáveis. A passeata foi feita pela calçada mesmo dado o número baixo de manifestantes.
Na parte da tarde houve um show de rock no É de Lei.
Na parte da tarde houve um show de rock no É de Lei.
d) o encaminhamento do ato também foi equivocado, pois não se estabeleceu tempo de falação para os oradores que se estenderam em exposições de mais de 40 minutos, restando pouco tempo para a participação do público presente.
Eis meu balanço final do ato:
Foi um passo adiante, construiu-se uma frente que deve ser mantida e ampliada para uma atividade mais mobilizatória (concentração no Masp e ato na Paulista) em novembro próximo, que deve ser antecedido de uma preparação e divulgação mais organizada e sistemática. Neste sentido, seria bom fazer uma nova reunião da Rede Verde (redeverdesp@yahoo.com.br) para avaliação e reuni-la ao menos mensalmente para preparar futuras atividades e ampliar coordenação nacional.
Saudações verdes,
Henrique Carneiro
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2. Notícia da Folha de São Paulo de 8 de maio:
ENTORPECENTES
Rede defensora do uso de drogas é lançada em evento na Câmara de SP Ontem, no auditório externo da Câmara Municipal de São Paulo, foi lançada a Rede Verde, que reúne organizações contrárias à política criminalizadora da produção e do consumo de drogas e defensoras da abordagem de redução de danos no uso de substâncias psicoativas.A organização foi formada para promover debates sobre a atual legislação no que tange a produção e o uso de drogas e defende a legalização da maconha, em especial para uso medicinal, e da descriminalização dos usuários de drogas na posse de substâncias para uso pessoal. Cerca de 60 pessoas estavam no evento, entre eles os vereadores do PT Soninha e Paulo Teixeira. (DA REPORTAGEM LOCAL)