Defesa de Dissertação de Mestrado sobre a presença da Umbanda no Santo Daime

Autor: Antonio Marques Alves Junior (Gê Marques), pesquisador do NEIP

Título: Tambores para a Rainha da Floresta: a inserção da Umbanda no Santo Daime

Titulação: Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião

Dia: 05 de Novembro (segunda-feira)

Hora: 14:oohs

Local: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC -SP - Rua Ministro de Godoy, 969 - Perdizes. Sala 134 - C, 1° andar.

Para ler um texto do autor que sintetiza alguns dos principais argumentos da dissertação, clique aqui.

Para entrar em contato com Gê Marques: ge_marques@terra.com.br

Resumo:

A presença da Umbanda dentro do Santo Daime, verificada no conjunto de preceitos e ritos que compõem a cosmovisão daimista, adquiriu visibilidade a partir dos anos oitenta, no bojo da expansão que levou esta religião para fora dos limites da floresta amazônica. Sob o comando de Sebastião Mota de Melo, o Santo Daime testemunhou o crescimento da importância da Umbanda em sua constelação doutrinária, a ponto de distinguir-se por ela no conjunto das religiões ayahuasqueiras, entre as quais aquelas derivadas da criação do Mestre Irineu.
Na geração que corresponde à liderança do Padrinho Sebastião, um conjunto de ocorrências precipitou os elementos dispersos, mas presentes, que permitiram a recepção da Umbanda. A primeira delas resulta do impacto da chegada de um macumbeiro que fascinou a jovem comunidade daimista e seu líder espiritual com suas performances tão familiares ao nosso meio: consultas, advertências, demandas e espetáculo.
Interpretava-se nos acontecimentos um embate entre as forças da Verdade e as falanges do Mal, ali representada pelo Rei dos Exus, o Tranca Rua, que ao final, sob a luz da bebida sagrada, firmou um pacto com o Santo Daime: o de ser seu defensor contra os espíritos das trevas. Imprimia-se, ainda que sem nome, o ethos umbandista no imaginário da comunidade.
Os anos finais do Padrinho Sebastião foram concomitantes ao grande crescimento do Santo Daime, particularmente na cidade do Rio de Janeiro. Impregnados pelas perspectivas da cultura alternativa, que parecia fazer o elo entre a religião da mítica Floresta e a exótica Umbanda, encontraram-se a Umbanda e o Santo Daime nas pessoas de seu padrinho e de uma mãe-de-santo carioca, à frente de um grupo de discípulos que se aproximava do Santo Daime. Alguns destes discípulos viriam a cumprir papel fundamental na formatação dos ritos que expressaram esta aliança.
O papel do sucessor do Padrinho Sebastião, Alfredo Gregório de Melo, seu filho, foi o de reconhecer a demanda, talvez irresistível, da Umbanda e expressá-la na criação de novos rituais, oficializando, por assim dizer, aquela inserção e presença, e a posicionando mais próxima do centro de sua floresta de crenças.

Summary:
The presence of the Umbanda inside Santo Daime, verified in the sum of precepts and rites that make up the Daimistic cosmovision, gained visibility from the eighties onward, in the epicenter of the expansion that led this religion to the outer limits of the Amazonian Forest. Under the command of Sebastião Mota de Melo, the Santo Daime witnessed the growth of Umbanda relevancy in its doctrinaire constellation, to the point of being distinguished by this Umbanda presence in the context of the Ayahuascan religions, among those the ones derived from the creation of Mestre Irineu.
In the generation guided by Padrinho Sebastião, a handful of occurrences precipitated the scattered nonetheless present elements that allowed the reception of the Umbanda. The first one resulted from the impact of the arrival of a macumbeiro who bewitched the young Daimistic community and its spiritual leader with his performances so familiar to our niche: consultations, warnings, demands and theatricalism.
One could see in these events a fight between the forces of Truth and the legions of evil, represented by the King of Exus, the Tranca Rua, that, in the end, under the light of the sacred beverage, signed a pact with the Santo Daime: he would be its guardian against these wicked spirits. The Umbandistic ethos was silently being hardcoded into the community imaginarium.
The last years of the life of Padrinho Sebastião were concurrent with the growth of the Santo Daime, particularly in Rio de Janeiro city. Impregnated with the perspectives of the counterculture that seemed to link the mythical Forest and the exotic Umbanda, both traditions found themselves in the personas of his Padrinho and of a “Mãe de Santo” from Rio de Janeiro, leading a group of disciples that was arriving at Santo Daime. Some of those came to have a central role in the design of the rites that expressed this alliance.
The role of the successor of Padrinho Sebastião, his son Alfredo Gregório de Melo, was to acknowledge the maybe irresistible demand of the Umbanda, and express it through the creation of new rituals formalizing, so to speak, that presence, and placing it closer to the center of its forest of faith.

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